sábado, 8 de janeiro de 2011

O laranja brinca com o azul misturado a uns rabiscos brancos, vejo pontos pretos, pássaros talvez? Lembro-me da ultima vez que vi um céu parecido com este, seus olhos estavam tão fundos naquele dia, lagos negros gelados, que me afogavam por mais que eu tentasse nadar. Lembro de parecer uma boba e de sua fala, e do vento que passava trazendo sons já conhecidos, sua respiração movia a minha, como se o ar dos seus pulmões fossem direto para os meus. Estávamos na nossa varanda. Lembro de não ter nenhum dos medos que tenho agora, lembro da certeza da sua volta a cada despedida. Lembro do dia em que você não voltou o céu não era igual a este, na verdade nem lembro do céu, lembro de querer ir te procurar e implorar pra você voltar e de não fazer, de não pensar, de não ter ar, lembro dos dias após aquele, lembro da escuridão. E percebo que meu sorriso não é mais bobo, e que meus olhos não têm o mesmo brilho, eles têm medo de encontrar o escuro, medo do profundo, medo daqueles lagos negros gelados, dos seus olhos. Eu me afoguei.

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